segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Somos numerosos demais?

EcoHideias

Já pensou quantos tios você tem? Irmãos? primos? Bom, religiões tiveram que mudar seu pensamento em relação a quantidade de filhos, tendo em vista os problemas socioambientais da superpopulação. No artigo “Somos numerosos demais?” de Frédéric Joignot do jornal Le Monde, esse assunto é abordado de um modo bem interessante, com dados alarmantes. Será que Malthus estava certo? O antigo sonho de virar mãe já é visto por algumas mulheres como algo arcaico? Como alimentaremos tantas bocas futuramente, se hoje existem muitas com fome? ....

Matéria na íntegra




Hoje a Terra só pode oferecer 1,78 hectare global (hag) por habitante, nem um centímetro quadrado a mais. Mas o consumo mundial atual exige 2,23 hag produtivos per capita. E os cálculos mostram que se o conjunto da população humana adotasse hoje o modo de vida dos europeus e dos americanos - carros, água quente à vontade, carne todos os dias, energias fósseis conforme necessário... - seria preciso ter uma superfície de quatro a cinco planetas Terra. As novas classes médias chinesas e indianas começaram a viver no estilo ocidental - quem poderia censurá-las? Acrescente as poluições de todo tipo associadas a esse estilo de vida

“..eles deduzem, em relação à capacidade de assimilação das emissões de CO2 pela biosfera, que seriam necessários 11 planetas Terra para satisfazer as necessidades de uma humanidade que adotasse o modo de vida ocidental...”



“..Ted Turner, fundador da rede de notícias CNN, grande financiador da Fundação das Nações Unidas. Esse homem informado declarou em abril de 2008 na rede PBS: "Somos numerosos demais. Por isso temos o aquecimento climático.

[...] Todos os habitantes do planeta devem se comprometer a ter um ou dois filhos, no máximo.

[...] Não controlar a população é um suicídio". Entrem no site notre-planete.info, ligado à ONG Amigos da Terra, e digitem "superpopulação". Entre os primeiros artigos surge "Homo sapiens é a pior espécie invasora". Trechos: "Nós fingimos ignorar a finitude de um mundo do qual nossa multidão abusa alegremente e sem descanso. É preciso algo mais que um casal para fazer um filho: é preciso pelo menos um planeta viável. Possuir uma família numerosa não é um delito ambiental, um grave ataque ao planeta e ao futuro comum?"...”




“...Encontrei várias parisienses de 30 anos, casadas ou solteiras, que se dizem decididas a não ter filhos...No Livro Kid. Quarante raisons de ne pas avoir d'enfant" (Quarenta motivos para não ter filho, ed. Michalon, 2007), no qual um dos motivos citados é: por que colocar mais uma criança em um mundo superpovoado?” "Já existem tantas crianças pobres em todo o mundo. Prefiro adotar".



Esse crescimento exponencial que tanto assustou Malthus vai parar um dia? Teremos recursos suficientes para nos alimentarmos? Sim e sim. Eis a grande novidade dos estudos recentes. Desmentindo os alarmistas, hoje os demógrafos descrevem em todos os lugares do mundo uma forte redução da fecundidade das mulheres - portanto, do crescimento da população. Segundo eles, e também a ONU, a "bomba P" não vai explodir. O que aconteceu? Simplesmente, nos cinco continentes, as mulheres têm menos filhos.




Além das angústias e dos temores, a verdadeira grande questão colocada pela população serão os recursos: os países, os solos, a Terra poderão alimentar - e sustentar - uma população de 9 ou 10 bilhões de habitantes? Aqui é necessário fazer um desvio. Na verdade, falar de uma população "global" como de um grande rebanho não tem grande significado. Como comparar o modo de vida dos habitantes do Laos com os da Finlândia, que têm população igual? Da Argélia, terra de emigração, e do Canadá, de imigração? Hoje a natalidade dos países menos desenvolvidos avança seis vezes mais rápido que a dos países desenvolvidos - que envelhecem e se estabilizam. Em 2050, 86% da população mundial habitarão um país pobre ou emergente - a metade na China e na Índia, que possuem políticas antinatalidade.




Nossa infelicidade virá dos modos de vida de desperdício, das políticas industriais, dos egoismos nacionais - comportamentos que poderíamos mudar. Alguns exemplos são chocantes. Segundo o relatório 2008 da Agência Internacional de Energia (World Energy Outlook 2008), milhões de carros ainda vão ser movidos a petróleo em 2030, emitindo grande quantidade de CO2. Por que petróleo? Porque as grandes fábricas de automóveis resistem a mudar suas cadeias de montagem e fabricar carros "verdes" - como querem os governos que as socorrem desde a crise financeira de 2008. O relatório da FAO "O estado da insegurança alimentar no mundo" (novembro de 2008), nota que com a melhora do nível de vida nos países emergentes milhões de pessoas comerão mais carne, o que exigirá um gado mais numeroso, bebendo mais água, pastando em terras perdidas pelas culturas alimentícias. Aqui também não há nada a fazer? Ou é preciso fazer campanha para que os ocidentais contenham sua "bulimia de carne", como preconiza o economista Jeremy Rifkin?


Outro comentário dos especialistas da OCDE ao Monde 2: sabemos perfeitamente que, por suas virtudes regeneradoras, os ecossistemas nos salvam de uma poluição terrestre acelerada e de um empobrecimento geral. Mas governos e industriais, nos EUA como nos países emergentes, ainda perseguem políticas irresponsáveis: subvenções à agricultura intensiva, aos petroleiros poluentes, permitir o emprego de produtos químicos, a pesca industrial - sem esquecer as emissões maciças de CO2. "Se nenhuma nova ação for tomada, corremos o risco de modificar de modo irreversível as condições ambientais nas quais repousa a manutenção da prosperidade econômica: as conclusões do relatório 2008 da OCDE são ainda mais preocupantes que as do relatório Stern (A Economia da Mudança Climática, 2006), que pedia para dedicar 1% do PIB mundial para "descarbonizar" a indústria. Novamente, estão em questão as políticas, e não o número de habitantes.


5 comentários:

André Augusto. disse...

Parabéns hugo!
Vocês é Um Dos Poucos Que Pensa Em Faze Um Blog Tão InformaTiVo, Poucas Gentes Vai Entrar e Vai Ler,Mais Se Essas PouCas Gentes Lê e Passa Essas Informações Pra Outras Pessoas,Ja vai Fazer Uma Grande Diferença!!

Se Cada Pessoa Quise Ter Mais De 2 Filhos Deveria Procurarem Esse Lugares De "Adoção"
e Adotar Um Criança Que Tem Muitas Crianças Ae Sem Pai E Mãe!

Fico Por Aqui.
Muito Bom Seu Blog!
Parabéns Hugo!
Abraço
Ass:André Augusto"Didi"

Hugo L. Pizaia disse...

Valew...

a idéia é essa...

pegar assuntos que julgo importantes e interessantes, e colocá-los em discussão.
Ou somente para pura reflexão.

Anônimo disse...

Parabéns pelo blog! estava fuçando os orkuts por ae sem querer me debati com o seu, achei interessante seu perfil e vi o link do blog, já era de se esperar que aqui tinha conteudo de qualidade!
adorei o texto e concorco com o 'didi', infelizmente o egoismo das pessoas prejudica, como as pessoas ainda não 'se tocam' vamos por enquanto cada um ir fazendo sua parte! :D
é isso! parabéns pelo blog, estarei sempre aqui lendo os textos :D
abraço!

Anônimo disse...

Tá ótimo mano.
Continua assim, com certeza a gente via mudar algo ainda.
{só um post inicial de incentivo e admiração, começo a participar das discussões em breve ;*)

Anônimo disse...

Muito bom....

Parabéns Hugo

E sempre q precisar estamos ai o/

abrass